Seguidores

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Vale a Pena Ler e Refletir


VALE A PENA LER E REFLETIR...
Passava do meio dia, o cheiro de pão quente invadia aquela rua, um sol escaldante convidava a todos para um refresco... Ricardinho não agüentou o cheiro bom do pão e falou:
- Pai, tô com fome!
O pai, Agenor, sem ter um tostão no bolso, caminhando desde muito cedo
em busca de um trabalho, olha com os olhos marejados para o filho e pede mais um pouco de paciência...
- Mas pai, desde ontem não comemos nada, eu tô com muita fome, pai!
Envergonhado, triste e humilhado em seu coração de pai, Agenor pede para o filho aguardar na calçada enquanto entra na padaria a sua frente... Ao entrar dirige-se a um homem no balcão:
- Meu senhor, estou com meu filho de apenas seis anos na porta, com muita fome, não tenho nenhum tostão, pois saí cedo para buscar um emprego e nada encontrei.
Eu lhe peço que em nome de Jesus me forneça um pão para que eu possa matar a fome desse menino. Em troca posso varrer o chão de seu estabelecimento, lavar os pratos e copos, ou outro serviço que o senhor precisar!
Amaro, o dono da padaria estranha aquele homem de semblante calmo e sofrido, pedir comida em troca de trabalho e pede para que ele chame o filho...
Agenor pega o filho pela mão e apresenta-o a Amaro que imediatamente
pede que os dois sentem-se junto ao balcão, onde manda servir dois pratos
de comida do famoso PF (Prato Feito) - arroz, feijão, bife e ovo...
Para Ricardinho era um sonho, comer após tantas horas na rua... Para Agenor , uma dor a mais, já que comer aquela comida maravilhosa fazia-o lembrar-se da esposa e mais dois filhos que ficaram em casa apenas com um punhado de fubá...
Grossas lágrimas desciam dos seus olhos já na primeira garfada...
A satisfação de ver seu filho devorando aquele prato simples como se fosse
um manjar dos deuses e a lembrança de sua pequena família em casa, foram demais para seu coração tão cansado de mais de dois anos de desemprego, humilhações e necessidades.
Amaro se aproxima de Agenor e percebendo a sua emoção, brinca para relaxar:
- Maria, sua comida deve estar muito ruim... Olha o meu amigo, está até chorando
de tristeza desse bife. Será que é sola de sapato ?!?!
Imediatamente, Agenor sorri e diz que nunca comeu comida tão apetitosa e que agradecia a Deus por ter esse prazer...
Amaro pede então que ele sossegue seu coração, que almoçasse em paz e depois conversariam sobre trabalho...
Mais confiante, Agenor enxuga as lágrimas e começa a almoçar, já que sua fome já estava nas costas...
Após o almoço, Amaro convida Agenor para uma conversa nos fundos da padaria
onde havia um pequeno escritório... Agenor conta então que há mais de dois anos havia perdido o emprego e, desde então,
sem uma especialidade profissional, sem estudos, ele estava vivendo de pequenos "biscates aqui e acolá", mas que há dois meses não recebia nada.
Amaro resolve então contratar Agenor para serviços gerais na padaria e, penalizado, faz para o homem uma cesta básica com alimentos para pelo menos 15 dias...
Agenor com lágrimas nos olhos agradece a confiança daquele homem e marca para o dia seguinte seu início no trabalho.
Ao chegar a casa com toda aquela "fartura", Agenor era um novo homem. Sentia esperanças, sentia que sua vida iria tomar novo impulso.
Deus estava lhe abrindo mais do que uma porta: era toda uma esperança de dias
melhores.
No dia seguinte, às 5 da manhã, Agenor estava na porta da padaria ansioso para iniciar seu novo trabalho.
Amaro chega logo em seguida e sorri para aquele homem que nem ele sabia por que estava ajudando...
Tinham a mesma idade, 32 anos, e histórias diferentes, mas algo dentro dele chamava-o para ajudar aquela pessoa...
E, ele não se enganou. Durante um ano, Agenor foi o mais dedicado trabalhador daquele estabelecimento, sempre honesto e extremamente zeloso com seus deveres...
Um dia, Amaro chama Agenor para uma conversa e fala da escola que abriu vagas para a alfabetização de adultos um quarteirão acima da padaria, e que ele fazia questão que Agenor fosse estudar.
Agenor nunca esqueceu seu primeiro dia de aula: a mão trêmula nas primeiras letras e a emoção da primeira carta.


Doze anos se passam desde aquele primeiro dia de aula.
Vamos encontrar o Dr. Agenor Baptista de Medeiros , advogado, abrindo seu escritório para seu cliente. E depois outro, e depois mais outro...
Ao meio dia ele desce para um café na padaria do amigo Amaro, que fica impressionado em ver o "antigo funcionário" tão elegante em seu primeiro terno.


Mais dez anos se passa, e agora o Dr. Agenor Baptista, já com uma clientela que mistura os mais necessitados que não podem pagar, e os mais abastados que o pagam muito bem, resolve criar uma Instituição que oferece aos desvalidos da sorte, que andam pelas ruas, pessoas desempregadas e carentes de todos os tipos, um prato de comida diariamente na hora do almoço.
Mais de 200 refeições são servidas diariamente naquele lugar que é administrado pelo seu filho, o agora nutricionista Ricardo Baptista .


Tudo mudou, tudo passou, mas a amizade daqueles dois homens, Amaro e Agenor, impressionava a todos que conheciam um pouco da história de cada um...


Contam que aos 82 anos os dois faleceram no mesmo dia, quase que à mesma hora, morrendo placidamente com um sorriso de dever cumprido.
Ricardinho, o filho de Agenor, mandou gravar na frente da "Casa do Caminho", que seu pai fundou com tanto carinho:


"Um dia eu tive fome, e você me alimentou. Um dia eu estava sem esperanças e você me deu um caminho. Um dia acordei sozinho, e você me deu Deus, e isso não tem preço. Que Deus habite em seu coração e alimente sua alma. E, que te sobre o pão da misericórdia para estender a quem precisar!" (História verídica)